Nossa, este blog não vê uma atualização desde fevereiro deste ano. Que vergonha.
Fico super triste de não estar por aqui trocando ideias, sugestões, planos, pensamentos e propostas de como tornar a vida dos nossos e de tantos outros gatinhos por aí um lugar melhor e mais justo.
Me perdoem a ausência.
Ultimamente falta, saudade, solidão são as palavras que comandam a minha vida e este blog, que é sobre a vida com gatos, tem hoje um post sobre como é a vida sem gatos ou sobre a vida longe dos seus gatos.
Eu nem sei muito como colocar em palavras direito, mas a verdade é que hoje tenho certeza de uma coisa que eu já sabia lá no fundo: eu não posso ser 100% feliz e realizada onde meus filhinhos não estão. Não importa se todo o resto está como eu sempre sonhei ou segue por um caminho positivo.
Eu sempre disse que não me mudaria para uma casa para onde não pudesse levá-los, não mudaria para um país onde eles não pudessem entrar com certa facilidade e, mesmo que um médico me diga que eu estou morrendo e preciso dar meus gatos, eu morro, mas não dou.
Hoje tenho mais certeza disso que nunca, mesmo já tendo sido testada sobre minhas prioridades quando precisei evacuar meu apartamento correndo por conta de um desmoronamento, mas não saí de lá enquanto não tinha os 3 comigo. Se fosse para o prédio desabar na cabeça deles, que desabasse na minha também. Call me crazy, mas isso é apenas amor. Amor puro e verdadeiro, além de senso de responsabilidade e valor (clica aqui para saber sobre o desmoronamento).
Pois bem, eis que agora me pego sentindo falta deles a cada segundo dos meus dias. Estamos há mais de 9.513km de distância ou 12,5h de avião e cada dia é uma nova forma de sentir a ausência deles na minha vida. Cada dia que passa conheço uma nova forma de sentir o incômodo do vazio, da saudade, da falta, da solidão (e a solidão pesa não só pela falta deles, mas, pasmem, eu tb amo pessoas e sinto a falta delas, mas a falta deles só torna tudo mais difícil).
Já são 3 meses sem ver, abraçar, beijar, fungar, dar colo e sentir o calor, o ronronado e o peso dos meus bebês no meu colo, sob o meu peito quando vou dormir ou esparramados na minha barriga enquanto vejo televisão. A falta destas coisas não pode ser acalmada por nada nessa vida.
Nunca imaginei sentir uma dor tão grande quanto a que venho sentindo toda vez que penso neles, o que acontece todos os dias em diferentes momentos e por diferentes motivos. Um pedido de ajuda para um gatinho necessitado no facebook, a foto das amigas e dos seus gatinhos, um vídeo, meu amigo de trabalho comentando que não vê a hora de chegar em casa e encontrar com os seus dois gatinhos e pronto. Eu já sinto o peito apertar e os olhos encherem de lágrimas.
A distância só aumenta a paranóia, aquela que bate no peito toda vez que achamos que só porque estamos longe alguma coisa vai dar errado. Acho que todo mundo sofre deste mal, não?
A verdade é que a distância nem aumenta e nem diminui a chance de alguma coisa dar errado e estarmos perto também não nos torna mais poderosos e capazes de resolver determinadas situações. As coisas são como elas são e ponto, mas quem disse que o coração entende essa regra básica de funcionamento do mundo?
Meus bebês me procuram pela casa toda vez que os chamo pelo Skype. Eles não focam em mim quando são colocados diante da tela do computador, mas ainda sabem quem eu sou. Sinto um medo profundo de que eles não me reconheçam quando me reencontrarem. Sinto medo da rejeição, que sabemos também ser uma realidade e sinto medo que meu pequenino, Coicoi, esteja deprimido porque estou longe. Uma vez passei 30 dias fora por conta do trabalho também e quando voltei encontrei um gatinho de pescoço careca tomado por fungo. Resistência baixa, saudade de mamãe, Coicoi fraquinho...ultimamente todas as fotos que recebo dele são dele isolado, em cima do guarda roupa dormindo.
Além da saudade e tudo isso que descrevi acima, sinto culpa também. Uma culpa absurda de roubar da nossa convivência 7 meses, já que sabemos que a vida deles é tão mais curta que a nossa.
Descobri que eu posso ter sido ventania um dia, mas eles me fizeram árvore. Fui feita para estar onde eles estão. Este é o melhor lugar do mundo, apesar de todos os pesares.
Vivo em um dilema, pois apenas quem tem realmente a oportunidade de morar fora, de viver a vida de uma pessoa de outro lugar completamente diferente sabe o que é isso e sabe o quanto isso, apesar de preconceitos, dificuldades e tudo mais pode ser infinitamente melhor que viver num país onde tudo custa os olhos da cara, onde não há segurança, não há justiça, não há estrutura, não há educação que baste. Me pergunto, devo tentar ficar aqui e submeter meus Timininus aos dramas de viajarem de avião por tantas horas, morrendo de medo e stress ou simplesmente volto para a nossa casa?
Cada dia uma sensação, uma certeza (que vira incerteza tão rapidamente quanto foi certeza), um medo e uma forma de doer pela falta que eles fazem.
Neste momento escrevo com lágrimas nos olhos. Hoje visitei meus amigos italianos, Martha e Pau e me faz mto bem ter eles por perto. Foi a forma que Deus encontrou de me ajudar a sobreviver a isso, com certeza, mas nada na vida pode fazer sarar a ausência deles se não eles mesmos.
Engraçado mesmo que essa dor era a que eu mais temia e a única da qual eu estava certa que sofreria intensamente...
Se vc está se preparando para ficar longe deles por algum tempo, seja pelo motivo que for e se vc os ama com todo o seu corpo e alma como eu amo os meus, então apenas tente ser forte. Eu acho que a gente sobrevive (algo ainda a se confirmar nos próximos meses! rsrs), mas que é uma das situações mais incômodas e difíceis que eu conheci (e olha que nem tudo foi bolinho até aqui), isso não posso negar.
Pra me despedir posto algumas das fotos que recebi deles enquanto estou aqui e apresento a vcs tb meus sobrinhos italianos, Martha e Pau. Obrigada por existirem, my little girl and my big guy! <3
Banzé, meu duducho lindo.
Panqueca, meu menino com feições de sábio
Coicoi, a criancinha de casa.
Martha, minha amiguinha pequenina e delicada.
Pau, gatão lindo e gostoso.