sábado, 5 de maio de 2012

O dia em que eu ganhei o Banzé

Foi há exatamente um ano.

Eram cerca de 16:30h e eu estava passando na praça do metrô para ir para a dentista.

Alí moram muitos gatinhos e eu conhecia todos. Há muito tempo atrás ví um tigrado, mas ele não aparecia com muita frequência. Tem uma turma que só sai à noite, quando o movimento por alí é quase nulo.

Naquele dia ele estava lá, dando sopa. Não sei se era o mesmo ou um recém abandonado, mas ele estava sentado do lado de fora das grades de um estabelecimento enorme onde os gatos encontraram abrigo e olhava na cara das pessoas com aqueles olhinhos de piedade. Olhinhos que estavam machucados naquele dia. Provavelmente por briga com algum parceirinho.

Banzé no primeiro dia em casa - olhos de derretem qualquer coração até hoje

Me aproximei. Eu sempre faço isso para ver se o animal é dócil, se está castrado, se é macho ou fêmea, mas normalmente não consigo pegar. Eles fogem assim que percebem a minha investida. O tigrinho não fugiu. Peguei e ele imediatamente se entregou. Gato de pano, derreteu no meu colo, encostou a cabeça no meu peito e começou a ronronar. Entrei em pânico. Sabia que não conseguiria largar e sair andando. Eu soltava ele pra ver a reação, claro que agarraria se ele ameaçasse ir embora, mas ele não saía de perto de mim. Incrível.

Eu estava num período em que todos os dias procurava um parceiro pro Panqueca, que até então era filho único e atazanado de tão brincalhão e mordedor. Eu passava vergonha com as visitas, pq ele atacava todas as pessoas de unhas vermelhas e escalava pernas por dentro de saias. As vezes eu mesma era obrigada a fugir dele que perseguia meu calcanhar ou qualquer outra parte do corpo na qual pudesse fincar as presas. Ele mordia com mta força, arrancava sangue e por isso tinha sido apelidado de Satanás.

Pois bem, eu me questionava se um irmão para gastar energia não seria a solução dos nossos problemas e daí Deus me deu um presente naquela quinta, 05 de maio de 2011.

Com aquele bichinho raquítico, machucado e carinhoso grudado em mim, comecei a ligar para as pessoas e dizer: "não sei o que fazer, vou levar pra casa, mas vou jantar no meu pai, preciso de um veterinário no caminho, SOCORROOOOO!!!".

Cancelei a dentista, entrei num táxi com o tigrinho no colo e fui pruma pet na Vila Madalena. Ele estava bem magro e tinha ferimentos no rosto. Parecia já ter tido uma casa um dia, porque era muito dócil. Isso nós nunca saberemos, mas ele estava nas ruas há algum tempo, pois era um gato grande e pesado, apesar de muito magro. Dava aflição fazer carinho naquele corpinho e só tocar ossos.

Depois da consulta, onde o veterinário nem pesar o pobrezinho pesou, fomos para a casa do meu pai. Coloquei umas amostras de ração que ganhei no vet, água e tranquei ele no meu antigo quarto.

Ele ficava embaixo da cama e só saía quando eu chegava. Grudava em mim e não largava por nada. Ele se afeiçoou ao Ronny também, meu irmão.

Fomos para casa era noite e eu, inexperiente de tudo, apresentei ele ao Panqueca de cara. O Punk sempre foi brincalhão, eu tinha o hábito de levá-lo para passear, brincar com os gatos das amigas, com a mãe e com o irmão dele e até na casa do meu pai para mudar de ambiente. Ele ADORAVA e nunca arrumava briga com os gatinhos, mas acho que na casa dele a coisa mudava de figura. Ele imediatamente demonstrou a insatisfação dele com muitos FUZZZ e marcação cerrada. Naquela noite o Banzé teve que dormir embaixo da minha cama e o Panqueca no tapete, pra garantir que ele não saísse de lá.

Primeira foto do Banzé em casa

Ele estava comendo bem, bebendo bastante água e parecia contente. O Punk praticou bastante bullying nesse dia e daí em diante todas as vezes, até hoje, que o Banzé entrava na casinha dele, ele pisava no teto até esmagar o gato dentro e ele ser obrigado a sair.

Na manhã seguinte deu tudo certo. O Punk já estava mais gentil com ele. Não saía de perto, estava muito curioso, mas já cheirou focinho e descansaram juntos na janela vendo a vida passar. O Punk aceitou o Banzé rapidamente. Ufa!

Primeira cheirada de focinhos de um com o outro

Panqueca tentanto entender o tigrinho

Descanso na janela no segundo dia

Onde o Banzé ia, o Punk ia atrás - daí nasceu a parceria que acalmou o Punk pra sempre.

Na sexta à noite o Banzé começou a ter diarreias. Ele enrolava meus tapetes da cozinha e fazia um cocô transparente e líquido. Os vets achavam que era a mudança de ambiente ou a adaptação com a ração, porque apesar de tudo ele comia normalmente e também bebia água.

Na terça-feira quem começou a ter a diarreia foi o Panqueca, mas ele ficou bem ruim. Não comia, não bebia água e só dormia. Eu estava angustiada desde que o Banzé começou a passar mal, mas quando o Punk também passou eu soube que era algo mais sério que adaptação e ração.

Corri pra uma vet (hj a veterinária deles) e ela diagnosticou Isóspora. Os dois passaram por um tratamento intensivo mas tudo deu certo.

O tempo foi passando e o Banzé ganhando mais e mais espaço. Ele continuou nos demonstrando afeto sem parar. É um dos gatos mais doces e deliciosos que já conheci na vida. Ele tem um poder de olhar para vc com aqueles olhos de corujo e fazer vc largar o que quer que esteja fazendo para acariciar sua barrigona. É também o mais carinhoso e cuidadoso com o bebê Juquinha. Quando o Juca ainda era micro, ele adotou o nenê como seu e cuidava tanto que chegava a ter ciúmes quando o Panqueca aparecia pra brincar com ele.

Ele tem um  procedimento de atração para ganhar atenção que eu chamo de "Dança do Carinho", porque ele começa a rodear, se jogar de barriga pra cima, levanta, rodeia mais um pouco e levanta em duas patas para se passar em vc. As condições têm que ser perfeitas. Eu preciso estar sentada no chão, mas ele precisa poder fazer uma volta 360º em mim.

Ele também tem o lance do Zé Refoga e é infalível. Toda vez que a refoga estala na panela ele vem ficar doidão na cozinha.

O Banzé cresceu mais que todo mundo. Hoje é um gatão enorme de uns 7kg de pura delícia apertável. Ele se esconde quando gente nova chega, mas já sai rapidinho e ainda vem pedir carinho, se apresentar.

Gigantão ganhando banho do irmãozinho

Eu agradeço do fundo do meu coração TODOS OS DIAS pela vinda do Banzé. Cada um deles me trouxe uma coisa nova. O Panqueca despertou este amor incondicional e a necessidade de lutar por eles, o Banzé me ensinou sobre gratidão e essa ligação que um animal cria imediatamente com uma pessoa que esteja disposta a amá-lo e o Juca, bem, o Juca só comprova todas estas teorias.



Obrigada a Deus por estes seres. Por essa criação tão perfeita.

Que o Banzé complete mais 25 anos comigo e com os seus irmãos. Meu gigantão. O cuidador do Juquinha e o terror no MMA com o Panqueca.

Todo amor do mundo...

Hoje - cabeçudo, grandão e delicioso

Fazendo suas fofurices por aí - olha só o tamanho das patas da criança!


3 comentários:

  1. Nem preciso dizer que amoooo seus textos!
    E ele realmente ficou enooorme! Parabéns Banzé, que vc permaneça nesta família linda por muitos e muitos anos!

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  2. Que delicia de tigradinho!! Linda a história de como vocês se conheceram!
    Beijos

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  3. Aiii, amei a historia! Tbm sou apaixonada por gatos. Ha pouco tempo perdi uma de 18 anos que me acompanhava sempre... Mas tenho outras duas fofurinhas que fazem meu dia mais feliz! Muita saúde e amor para seus bebes, são lindo! Com Carinho, Dani.

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